A mãe do americano Richard Hollingshead era obesa e não se sentia confortável nas poltronas das salas de cinema. Bom filho que era, Hollingshead botou a cabeça para funcionar, tentando encontrar uma solução. Começou a fazer testes na garagem da sua casa, com projeção e áudio, até que chegou a uma ideia revolucionária: por que não ver os filmes de dentro do próprio carro? Até os mais gordinhos conseguem se ajeitar bem no assento mais espaçoso de um automóvel. A garagem poderia resolver a questão para um ou dois carros, mas e se uma tela fosse instalada ao ar livre? Aí já seria um cinema a céu aberto, no qual você não precisaria se preocupar em achar um estacionamento, porque o carro entra no evento com você. Estava inventado o conceito do cinema drive-in.
Isso aconteceu em Nova Jersey, Estados Unidos, em 1933, quando Hollingshead patenteou sua ideia surpreendente e começou a ganhar dinheiro com ela fundando a empresa Park-In Theaters, Inc. Mas essa nova modalidade de entretenimento só pegou mesmo no pós-guerra, a partir de 1949, quando a patente de Richard foi revogada e o drive-in se tornou uma febre nos Estados Unidos. Virou um verdadeiro fenômeno, durante as décadas de 1950 e meados de 1960, atraindo famílias, grupos de amigos e jovens casais.
Já no Brasil, a ideia chegaria bem depois. Em 1973, foi inaugurado em Brasília o Cine Drive-in, com capacidade para 500 carros, acomodando até 2,5 mil pessoas – e que funciona até hoje!
Os drive-in perderam a razão de ser, no entanto, quando o videocassete se popularizou, a partir dos anos 1980. Para que se espremer entre a poltrona, o volante e o câmbio do carro quando já era possível ver qualquer filme esparramado no sofá da sala ou mesmo na própria cama?...
A RESSURREIÇÃO
Em pleno século 21, com novos serviços de streaming pipocando todos os meses, parecia completamente inconcebível que alguém mais quisesse dar uma chance aos eventos cinematográficos motorizados. Mas eis que a crise do coronavírus mudou tudo. Com as salas de cinema fechadas e as pessoas com exaustão psicológica em função de meses de confinamento, ir a um evento no qual você permanece dentro do seu carro virou um programa com um nível controlado de segurança. Diversas capitais do Brasil logo começaram a ver iniciativas de drive-in com lotação esgotada – simplesmente porque as pessoas não aguentam mais ficar em casa, mas também não querem se expor ao risco do contágio. Hoje você encontra programações cinematográficas que vão desde os filmes clássicos até lançamentos.
FICA A DICA
Assista, na Netflix, ao filme brasileiro O Último Drive-in, uma comédia que conta a luta do jovem Marlombrando (é assim mesmo o nome dele) para manter um drive-in funcionando.